Jornalismo é campeão de audiência na pandemia
- rodapeworkfemale
- 12 de jun. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de jun. de 2020
Com o coronavírus, o jornalismo profissional se destaca e impera dentro dos níveis de audiência, deixando as mídias sociais em desuso na busca de informação
A confiança no Jornalismo durante as eleições de 2018, no Brasil, entrou em declínio. Os eleitores, por exemplo, optavam por se informarem por meio das mídias sociais. De acordo com pesquisa do Instituto DataSenado, realizada em 2019, as redes sociais exercem influência sobre os eleitores, como fonte de informação, podendo explicitar as escolhas destes indivíduos. Ela cita ainda que 45% dos entrevistados pautaram a decisão do voto com base em informações vistas em alguma mídia social.
Segundo este levantamento, o WhatsApp é o principal meio de obtenção de informações dos entrevistados e apenas 21% deles não utilizam o aplicativo. Acerca deste assunto, a jornalista e doutora em Comunicação Social, Raquel Recuero, em entrevista para o “SERPRO”, aponta que as redes sociais deram maior visibilidade aos candidatos de partidos menores e também criaram uma bolha que limita a troca de informação sobre eles.

Fonte fotográfica: Auto Cura Integral
Já neste ano, com a pandemia de coronavírus, o Jornalismo passou a ter maior influência e credibilidade sobre os cidadãos. Para exemplificar, os níveis da Rede Globo durante o telejornalismo do “Jornal Nacional”, segundo a Folha de São Paulo, obteve acréscimo de 21% na audiência, em março. Isto representa que a emissora teve 37 pontos na grande São Paulo, equivalendo a 203 mil pessoas a cada ponto.
A motivação por trás dessa expansão em audiência é reflexo do quanto a população, ao ficar isolada em meio a uma crise sanitária, percebe com grandes proporções que as mídias sociais podem ser um criadouro de Fake News. Consequentemente, os veículos tradicionais reconquistaram espaço. De acordo com uma pesquisa recente do Instituto Datafolha, veiculada no site “O Globo”, o jornalismo profissional representa uma espécie de porto seguro no atual momento de crise. Telejornais e jornais estão liderando com 61% e 56% o índice de confiabilidade acerca do coronavírus, e outros programas jornalísticos de rádio e sites estão com 50% e 38%, respectivamente.

Fonte fotográfica: Gabriel de Paiva/ O Globo
A estudante de nutrição, Brunna Santana de Oliveira, 22, afirma que confia no jornalismo, principalmente neste momento de pandemia: “Como bem sabemos, rede social é o principal lugar onde circulam Fake News. As pessoas passam notícias sem saber a fonte, sem verificar a veracidade dos fatos, acham que tá certo e sai mandando para os grupos”. A estudante de arquitetura e urbanismo, Jacqueline Gonçalves, 20, também compartilha a mesma perspectiva de Brunna, em relação ao jornalismo como fonte de informação com maior credibilidade, que busca a procedência e realiza checagem diferentemente das redes socias.
Estas concepções reafirmam os dados disponibilizados pela pesquisa desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de que as notícias falsas sobre o coronavírus advém dos aplicativos de redes sociais. Foi constatado que 73,7% das informações e Fake News sobre o COVID-19 circularam no WhatsApp, 10,5% no Instagram e 15,8% no Facebook. Assim, as Fake News sobre a pandemia estão colaborando para que jornalismo profissional tenha uma maior busca, já que o processo de criação de uma notícia envolve checagem, veracidade de fontes e fatos, critérios de noticiabilidade, entre outros pontos, os quais permitem a disseminação de uma informação verdadeira, com credibilidade e que os telespectadores, ouvintes, leitores, público em geral, possam confiar.
Rotina dos jornalistas durante a pandemia
O jornalismo, assim como outras profissões, mesmo com o isolamento social, ainda conta com profissionais em contato com o vírus do Covid- 19. Muitos jornalistas estão trabalhando por home office, entretanto alguns mantiveram a rotina de antes, devido a necessidade dos veículos de trazer notícias. O cenário do estado de Goiás, segundo o portal de notícias G1 do dia 07 de junho, já contabiliza 5.813 pessoas contaminadas e 173 mortes por coronavírus, e na cobertura de muitas destas histórias estão os jornalistas expostos ao vírus. Dentre eles, a jornalista Karina Azevedo da Costa, 24, que ressalta a importância do jornalismo nesta pandemia que sobressaí o papel de apenas informar e passa a ser de serviço também.
Além da preocupação em noticiar a pandemia, o jornalismo também está com o encargo de desmentir as “Fake News”. Segundo a jornalista Karina, além das “Fake News” os jornalistas ainda precisam lidar com ditados populares, frases soltas no achismo e opiniões irresponsáveis: “Acho que justamente combater os três pontos que citei na última resposta: ditados populares, frases soltas no achismo e opiniões irresponsáveis. Além das "fake news, claro". Com esse último ponto crescendo cada dia mais, dificulta muito o nosso trabalho. E até por isso nossa responsabilidade aumentou, fazendo as pessoas recorrem ao jornalismo.”
A cobertura sobre a pandemia não acomete sentimentos de angústia somente aos telespectadores, mas também aos próprios profissionais que propagam as informações. Ao falar acerca de como desligar após cobrir os acontecimentos ligados ao coronavírus, Karina afirma que existe maneira de dissociar. Porém, o encontro com a família, o fato de estar fazendo a parte dela e de poder chegar em casa, dão folego para enfrentar os próximos dias. Ao ser questionada sobre como o jornalismo tem sido campeão de audiência, ela salienta: “Não sei se está sendo campeão de audiência, mas acho que está exercendo um papel fundamental na luta contra o coronavírus. Consequentemente, as pessoas estão consumindo mais informações”.
Reportagem por Andreina Gonçalves e Arieny Alves
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