Dezoito anos roubados
- rodapeworkfemale
- 9 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
A primeira edição do livro Vida Roubada, de Jaycee Dugard, lançado em 2011, é uma autobiografia acerca dos anos roubados da estadunidense Jaycee Lee, que foi sequestrada e mantida em cativeiro por 18 anos. Em 1991, a estudante de 11 anos, Jaycee, estava a caminho de mais um dia de aula e ao se deparar com um homem pedindo por informações, aparentemente “perdido”, ela foi dar ajuda, só não sabia que ali seria o inicio de um inferno. É importante lembrar que o fiel amigo da adolescente a ajudou a escrever sua história, o seu diário.
A obra traz todos os momentos vividos durante anos de torturas. Uma das situações citadas que mais me trouxe incômodo foi o relato da chegada da jovem à casa do seu sequestrador e o primeiro estupro. Por longos 18 anos, Lee, foi forçada a conviver com o temperamento de Phillip Garrido, um ex presidiário e viciado, e o de sua mulher ciumenta que alimentava as loucuras do esposo. O fato de uma mulher contribuir para a violência contra outra é preocupante e como isso é normalizado não só no livro, claro que a senhora Garrido também era manipulada pelo companheiro, mas se ela tivesse um pouco de empatia a situação seria totalmente diferente.
Fonte: Google imagens
O livro trata também das pressões psicológicas sofridas pela jovem. Jaycee, além das violências físicas também sofria constantemente com o assédio moral. Ademais, outro ponto do livro que traz total indignação para os leitores é fato de Phillip estar em condicional e como a polícia era cúmplice de tudo. Esse fato mostra o quanto existe corrupção tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e também que ninguém está totalmente seguro, mesmo que por muitas vezes nos façam acreditar o contrário. Além disso, essa situação serve para aqueles brasileiros que tem a famosa síndrome de vira-lata, em achar que tudo que vêm de fora é válido, é modelo, mas casos como o de Dugard são mais frequentes no país da Casa Branca.
Vida Roubada transmite de forma clara o quanto a mulher é colocada em situação de vulnerabilidade, mesmo com inúmeras campanhas, leis, movimentos sociais, ainda passamos por momentos semelhantes. Sequestros, estupros, assédio em lugares públicos, no transporte público são frequentes. Alguns indivíduos não entendem o quanto nós somos tão cidadãs como eles, o quanto temos direitos e esse livro é um entre inúmeros casos que foram descobertos, ou seja, o número de mulheres que ainda não foram salvas deve ser gigante. Para terminar deixo a indagação para você, caro leitor, até quando seremos vítimas de situações assim?
Por Andreina Gonçalves
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